Deitado sobre as nuvens

"Perché da qui il mondo scivola..."

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Será que sou um serial-killer?

Passei as últimas semanas devorando alguns seriados da tv americana e não pude deixar passar despercebido algumas questões sobre o Dexter. Neste seriado, a personagem-título é nosso herói às avessas, uma espécie de assassino de serial-killers que sujam as ruas de Miami; um justiceiro, no fim das contas. A moralidade relativa à personagem é bastante discutível mas... algumas de suas inquietações parecem bem mais comum do que gostaríamos.

Um dos mandamentos primeiros do "código de ética" do nosso Dexter é o de jamais ser pego e o de jamais revelar à sociedade quem realmente ele é e o "mal" que reside nele. Sua sede de justiça que o leva a assassinar os serial-killers que investiga é o seu vício que não consegue controlar; é a natureza da qual não consegue fugir tampouco quer ver revelada. Num de seus momentos de angústia ele nos convida a pensar quem seria o ser entre nós que não possui algo em si que jamais gostaria que viesse à tona, quantos segredos não temos cada um de nós, que muitas vezes incomoda a nós mesmos. Momentos adiante, ele imagina (comicamente rs...) como seria revelar seu segredo a sua irmã, um dos poucos seres pela qual nutre verdadeiro carinho.

Ora... eu tb tenho os meus segredos que não desejo ver revelados; eu tb tenho entes queridos que não considero preparados pra conhece-los; eu tb gostaria de revela-los às pessoas se soubesse que entenderiam sem me condenar; eu tb sonho acordado com esse dia :\ Eu tb tenho algo que acredito ter nascido comigo e da qual não posso escapar, não posso negar, que talvez tenha um propósito maior q ainda não compreendo e que precisa ser satisfeito, sob pena de me condenar a uma vida miserável.

Será q sou um serial-killer?? Hehehe pra nossa sorte, parece q não :)

O que sei é que alguns dos meus segredos... dos meus "vícios" tem sido muito bem satisfeitos... tenho estado em paz com eles... mas a angústia em ter de esconder alguns deles tem chegado a um ponto limite. Sinto dentro de mim que é chegada a hora de traze-los à tona, de algum modo que ainda não resolvi ao certo... mas que precisa acontecer.

Parece que vestir personagens em nossas vidas é inevitável... mas vesti-los por completo e por muito tempo pode ser tb perigoso... me sinto no risco de sufocar até a morte o papel em que mais gostaria de atuar, o de condutor dos meus sonhos, da minha vida, da minha felicidade. Não dá mesmo pra deixar que só a "sociedade" - essa entidade monstruosa (nos dois sentidos), subjetiva e irredutível - nos dite todos os rumos. Quiçá essa nossa vontade de ter coragem um dia vire regra e contamine a moral da tal "sociedade".

E vc, como anda lidando com seus segredos?

bjumeliguen ;*

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mãos ao alto!


Eu, que muito pouca atenção costumo dar à programação de tv, deparei-me com a seguinte notícia numa noite dessas...

A história é a seguinte: o executivo de uma grande empresa, morador de bairro "nobre" da capital paulista, é baleado e morto a tiros a poucas quadras de sua casa, dentro de seu prórpio carro por bandidos que fugiram numa motocicleta em disparada. A investigação policial que teve início buscava por possíveis testemunhas do crime e por imagens das inúmeras câmeras de vigilância dos condomínios das redondezas que podem ter flagrado a cena, ajudando a desvendar o crime. Até aí, tudo bem.

Os problemas começam justamente nesse movimento que a polícia iniciava, de contatar os condomínios para obter as imagens e para conseguir depoimentos de possíveis testemunhas... A reportagem dava conta da recusa das administrações dos condomínios em receber a polícia, dificultando a investigação. A repórter da tv fez tentativas de contato com essas pessoas para mostrar o tamanho do problema: na imagem em que a repórter usava o interfone, supostamente contatando uma das possíveis testemunhas, a voz ao interfone respondia que não iria atender ninguém pois "quem garantiria que eles eram mesmo policiais e não outra quadrilha tentando golpe para invadir e roubar o condomíinio?", baseando-se na lei que só obriga o cidadão a receber alguém em sua residência mediante expressa ordem judicial. Parece q nem mesmo a presença das viaturas nas ruas era suficiente para sensibilizar essas pessoas.

Dois problemas me corroeram após a notícia...

1. Que pessoas são essas, amendrontadas ao extremo por trás de suas cercas elétricas, a ponto de se recusarem a receber a própria polícia?? Meu Deus... Não é à toa q condomínios de luxo cada vez mais possuem shoppings em seus espaços e seus moradores são os q mais rapidamente aderem às modalidades de "home office" disponíveis, se for pertinente à profissão de alguém. Assim não precisam mesmo sair pra mais nada. Dá pena... afinal q mundo pequeno o deles (e pequeno em termos espaciais mesmo).

2. E os filhos desses condomínios? Me angustia o coração pensar em como crescem as crianças num ambiente desses... on line com o mundo em banda larga... mas cada vez mais certos de que a maioria das outras pessoas do mundo (as que não vivem nos mesmos condomínios) são seus inimigos (ou querem te roubar ou te matar, quiçá os dois) e precisam, portanto, manter distância de todas elas. Muito humano, não?

Ainda sou daqueles que sonha com uma "bolada" na mega-sena um dia desses... mas quando a gente pensa com mais calma... nos damos conta de que somos tb vítimas de uma parte dessa violência toda, de que também nos protegemos de outros semelhantes nossos, por vezes... mas como é bom poder sair a pé pelas ruas pra uma simples visita à padaria da esquina pra buscar aquele pão quentinho. Como é bom poder levar nossos filhos pela mão e dar uma volta por aquela praça q fica a algumas quadras de casa e esbarrar com os vizinhos q moram do nosso lado, ou duas ruas pra baixo, e ainda poder ensinar a eles q são todos nossos amigos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Memória, essa traidora...

Ano de 2009. Vc consegue imaginar um mundo sem agendas eletrônicas (seja no celular ou na Internet), e-mails, bancos de dados (de todos os tipos e tamanhos) ou afins... um mundo sem acúmulo e organização das mais banais informações aos mais refinados saberes? Acho q nao dá mais...

E lá pelos idos do século primeiro da era cristã... Será q o povo daquele tempo viveria sem a escrita e suas bases materiais (basicamente papel e as formas de trabalhá-lo)? Parece q tb seria complicado...

E antes disso, o q tínhamos? Bem... singulares exemplares humanos filhos de uma sociedade baseada no que os historiadores chamam de Oralidade Primária. Sem escrita... só tínhamos nossas mentes e falas. No máximo, formas rudimentares de expressão q não podiam ainda ser classificadas como escrita.

Ok... e pra q tudo isso? Apenas pra justificar minha presença aqui nesse espaço virtual... e pra lembra-los o quanto já nascemos programados a usarmos essas tecnologias em prol da nossa frágil massa encefálica, a ponto de sermos constantemente traídos por ela, especialmente naqueles momentos em que fazemos dela o pouco uso q ainda parece restar-lhe. Chega a dar medo... e quem já leu "1984" (George Orwell) sabe do q falo.

Pessimismo à parte e retomando o q mencionei no começo... o filósofo francês Pierre Lévy classifica três momentos na história das sociedades, marcados pelas principais tecnologias de seus tempos. São eles a Oralidade Primária, a Escrita e a INFORMÁTICA. É amigos... se nosso amigo Pierre estiver certo (e o tempo certamente o dirá), somos testemunhas vivas do alvorecer de uma nova era na existência dos humanos sobre o planetinha azul. Tudo isso nos leva a "espaços" como esse aqui... a grande rede. ;) Tá lá... "As tecnologias da inteligência", do francês Pierre Lévy. Vale a pena.

Enfim... parece q escrevendo a gente vai construindo uma história q não se apaga, que se enriquece e que influencia ao redor e a si própria. :) Coisa linda isso!

E, pra ilustrar... Salvador Dalí e sua "Persistência da memória". Bjumeliguem... ;)


sábado, 11 de julho de 2009

Andei pensando...


Andei pensando sobre voltar a escrever... a exemplo de uma amiga que há pouco deparou-se com a mesma questão. Andei pensando sobre como os humanos de nosso tempo desaprendem a usar a memória - a neural - essa que vive cada vez mais a nos trair. Cada vez mais somos dependentes do suporte material à nossa memória - como a escrita que aqui se apresenta - hoje "turbinada" pelo suporte digital que fornece ainda mais flexibidade e alcance a ela.

Parece mesmo inútil nadar contra a corrente... ainda mais sendo eu um "filho" diplomado dessa corrente na qual navegamos... a correnteza da grande rede digital.

"Recomeçar" foi a palavra que aqui me trouxe. Dela decorreu meu ato de escrever. Preciso ainda pensar mais seriamente sobre os "porquês" desse movimento, embora já tenha alguns já ensaiados aqui na mente, carentes apenas de alguns ajustes. Em breve...